sábado, 8 de setembro de 2018

Carta para a menina que fui



Quando eu tinha 15 anos, fiz muitos planos. Variados. Metas a cumprir antes dos 30.

E tinha ali meus maiores desejos. Óbvio que esqueci onde escrevi isso, mas lembro de algumas coisas. Eu ia perder o medo de andar de bicicletas, ia cruzar um ponte, ia viajar, aprender a nadar, jogar capoeira. Moraria no Canadá, assinaria a Harlequim, montaria uma casa. Tinha de tudo naquela porra daquela lista.

Eu diria praquela menina deixar a vida acontecer. Diria que em algum momento ela ia perceber que fazer planos meticulosos e cobrir todas as possibilidades para minimizar erros era bom, mas não essencial. Diria pra em resumo, parar de ser certinha, enfiar a culpa cristã na goela e aproveitar.

Diria pra largar de frescura quéquiozoutrosvãopensar e se jogar. Pra adotar logo o lema de Orion antes que estivesse velha demais pra ser inconsequente. É isso. Eu diria pra Galuíza ser mais egoísta, mais inconsequente e menos cheia de "ses".

Diria pra ela parar de se diminuir pra não ser a diferentona que ~fala difícil~. Tímida é o caralho, beija logo o coisinho. Não é uma armação sua idiota, pare de ver filme que as feias só se fodem.

Diria que a escola deixaria de ser um tormento e viraria apenas uma lembrança, até boa. Diria pra não ter medo do seu instinto. Fale mesmo Gal! Meta mesmo o dedo na cara daquele professor bostético, chute o balde. Ele é incompetente mesmo.


Tinha muito a dizer quando comecei este texto e desisti. Encontrando aqui nos rascunhos, publico, não sem um pouco de dor. Quem dera a mulher que sou dissesse pra menina que a vida muda em instantes, como um sopro. E que é preciso vivenciá-la com intensidade e fulgor. 


Segue aproveitando menina Galuíza...

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